O novo ser que se criava onivisionario vinha de fertilizações múltiplas, vetores paralelos, mas tridimensionalmente paralelos. Sentiam nascer em seus pés, braços, ventre, bacia, escápulas, nuca, cintura, batatas, pelos e linguas explosões de amor constantemente. Não reconheciam fronteiras porque seus olhos íntegros demarcavam sempre novos tempos e espaços. Estavam sempre juntos e sempre em si, por isso a saudade nao lhes movia, porque nao iam, nem vinham, nem chegavam, nem partiam, nem saiam, nem entravam, eles estavam. E cada espaço e tempo e sensação era profundamente parte deles.
Vou chegar mais perto para entender: quando mergulhavam na água diluiam-se, quando voavam transpiravam o ar, quando caiam na lama (ah, como adoravam cair na lama! era gostoso brincar com uma consistencia tao parecida com suas peles) na lama dissolviam-se, e se a temperatura esquentava um pouco mais seus corpos tornavam-se chamas, labaredas e brasas.
Não, eles nao tinham formato, eram absoluta adaptação e isso os tornava diferentes... diferentes? nao, eles nao eram vaidosos... voláteis? superficiais? conectados? não. Na verdade tinham algumas palavras que eles usavam apenas para ser chique tomando drink, mas eram mesmo arcaicas e nao faziam sentido. Mas como eram bufões às vezes seguiam falando palavras loucas em situações absurdas.
ah, agora me cansa descrevê-los....
Disseram que passaram por ali e por aqui, meio trupe de saltimbancos, meio poetas, meio mágicos, meio cantadores de desafios, meio peixes, meio árvores, meio batatas doces rizomáticas de surpreendentes aparições, meio mosaicos reluzentes, meio corais molhados de água do mar e dizem até que meio lago de llinólio porque uma vez foram atravessados por todo petróleo do mundo e choraram linólio...
eram sensiveis, mas sabiam digerir, expirar, filtrar e destilar as sensações...