quarta-feira, 6 de abril de 2011

... e assumir esse dragão desengonçado que vive em mim
que já não vive em tempo algum
que já não vive em tempo
esse dragão dançando em contratempo
numa invencionice constante

esse dragão de saia que jorra agua pela boca

que a tudo atende, e a todos compreende
numa diligencia de dragão desastrado
quando lhe vi me vi: eu: monstro enorme em vestes de menina

com rabo de égua
pata de onça
dente de cabra
lingua de vaca
barriga de péssego
coração de gato
olho de peixe
pulmão de gavião
pe de mandioca.

esse eu dragão que quanto mais afunda mais voa
que quanto mais sufoca mais respira
que quanto mais morre mais cresce
que quanto mais dorme mais corre
que quanto mais deseja mais ama
Eu dragão da anatolia em eterna melancolia de por-de-sol.



2 comentários:

  1. A composição do animal nas imagens aqui construídas são dignas da imaginação mítica fundadora da tradição que nos trouxe ao realismo fantástico. Bem vinda.

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